sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

À vontade, Martinho da Vila mostra bons e sinceros sambas


Coerente com sua opção por sempre fazer discos conceituais, evitando meras colchas de sucessos, Martinho da Vila consegue em "O Pequeno Burguês" fugir das mesmices dos DVDs. Fica até aquela sensação de que, com mais recursos e empenho, dava para evoluir para um documentário. É porque o roteiro de "O Pequeno Burguês" é a vida de Martinho. E ele a conta, em show gravado no teatro Fecap, em São Paulo, como se estivesse na sala de casa, com direito a móveis antigos, foto da mãe na mesinha de cabeceira e um copo de Campari na mão direita. O formato parece assustar o público no início, porque ele canta as três primeiras músicas a capela e as duas seguintes acompanhado apenas do próprio pandeiro. Intui-se um show com muito blablablá e pouca ação.

Mais força
Mas, aos poucos, o palco vai se enchendo de músicos (Wanderson Martins, Ovídio Brito, Tunico Ferreira, Mané do Cavaco, Paulinho da Aba, Gabriel de Aquino), Martinho vai se soltando e o espetáculo termina literalmente em "Tom Maior", a música com que ele encerrava as rodas de samba no teatro Opinião, no Rio de Janeiro, nos anos 60. Em especial na primeira parte, Martinho procura seguir uma linha cronológica, relembrando a sua história. Explica e canta seus primeiros sucessos, lançados nos festivais: "Menina Moça", "Casa de Bamba", "Pra que Dinheiro"... Entende-se aí o salto que Martinho deu ao criar uma forma estilizada de partido-alto, usando a batida e a síncopa tradicionais, mas sem versos improvisados. Em seguida vem "O Pequeno Burguês", um de seus grandes sucessos, original ao contar a história de um rapaz que passa no vestibular mas não pode cursar, porque "a faculdade é particular".

O PEQUENO BURGUÊS
Artista: Martinho da Vila
Gravadora: MZA
Quanto: R$ 22 (CD), R$ 30 (DVD) e R$ 39 (kit com CD e DVD), em média
Classificação: livre

Folha de S. Paulo - Por Luiz Fernando Vianna

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