quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Lançamento dos livros “Canto dos Malditos” e “O Sapatão e a Travesti”

Textos de teatro de Austregésilo Carrano Bueno autor do livro Canto dos Malditos que originou o filme Bicho de sete cabeças

Austregésilo Carrano Bueno ficou conhecido como escritor pelo seu livro autobiográfico “Canto dos Malditos”, que originou o filme mais premiado da cinematográfica brasileira: Bicho de Sete Cabeças, dirigido por Laís Bodansky. Agora como dramaturgo, Carrano lança em livros dois textos de teatro: “Canto dos Malditos” (uma outra leitura sobre os manicômios) e “O Sapatão e a Travesti”. Na época em que viveu a situação representada no filme por Rodrigo Santoro, Carrano fazia curso de ator no Teatro Guaíra e preparava-se para o vestibular de comunicação, teve sua vida e seus objetivos interrompidos. Sobrevivente de um sistema manicomial arcaico e cruel, que lhe deixou seqüelas, Carrano procurou retomar seus caminhos, primeiro denunciando o que se passa dentro dos chiqueiros psiquiátricos no Brasil, através da publicação do livro relatando o que viveu e tornou filme, que junto provocaram uma grande mudança neste cenário, com a promulgação da lei de Reforma Psiquiátrica no Brasil em 2001. Carrano é fundador e militante do Movimento da Luta Antimanicomial e membro representante dos usuários na Comissão de Reforma Psiquiátrica do Ministério da Saúde.

Retomando seu caminho no teatro, agora como dramaturgo, Carrano apresenta dois textos de uma série de seis escritos nos últimos anos. No primeiro Canto dos malditos ele propõem uma outra leitura sobre a questão manicomial, fazendo com que Freud e Charcot reencarnem no Brasil como assistentes de psiquiatria (veja abaixo texto de apresentação do livro assinado pelo ator Marcos Cesana) e o segundo mostra uma relação cojungal de uma casal formado por um sapatão e a travesti.

SERVIÇO – Lançamento dos livros Canto dos Malditos e O Sapatão e a Travesti – Textos de Teatro
Dia 07 de dezembro, Sexta-Feira, 19h.
Teatro Satyros 1 - Praça Roosevelt, 214 – 3258 6345.
Realização: Edições Canto dos Malditos, teatro Satyros, Sebo do Bac e O Autor na Praça.
Informações: Sebo do Bac - 9794 7943 – vendas@sebodobac.com.br / http://www.sebodobac.com.br/
Ass. de Imprensa: Edson Lima 3746 6938 / 9586 5577 – oanp@uol.com.br

Texto de apresentação do livro Canto dos Malditos - Teatro – “Esse Canto dos Malditos trata do mesmo universo tão presente no romance do qual surgiu o filme Bicho de 7 Cabeças que fiz parte como ator e me fez mergulhar no universo da loucura, ou melhor, o universo que a sociedade cria e denomina “loucura”. Nesta peça o mergulho questiona o sistema prisional e manicomial, mas com muito humor e um certo surrealismo. Num mesmo tempo, enquanto lia o texto de Carrano me dava conta de quanto são loucos os criadores espanhóis Dalí e, principalmente, Luis Buñuel. A peça que reproduz questionamentos sobre as instituições manicomiais brinca com as teorias de Freud e Charcot, enfermeiros reencarnados e trabalhadores de um manicômio controlado por um Doutor com um aspecto “militar” e, ele mesmo, um doente que não consegue sequer seguir os numerais como são. Fora isso, Carrano cria um paciente com pecha de psicanalista e revolucionário, que critica a necessidade que a sociedade tem em rotular tudo e qualquer coisa, inclusive pessoas. A loucura, é claro, existe por outros limites, mas é, ainda hoje, uma forma de coagir e das famílias marginalizar membros que não agem de acordo com o status quo ou certos preceitos. A peça fala da hipocrisia humana com raro domínio e amplia-se como encenação, aja vista as propostas do dramaturgo Carrano nesse viés mais pungente e menos prolixo que tende ser a dramaturgia. Mais aproxima a hipocrisia social do espectador, ele mesmo, membro de uma sociedade que vira às costas aos assuntos que não lhe interessam. Sem tratamento de choque, mas com um texto elétrico. Carrano se desnuda depois da cortina ser erguida. Agora é ver se alguém pode ficar impassível diante do que é dito aqui.” (MARCOS CESANA, interno Bill no filme Bicho de 7 Cabeças, ator do próximo filme da diretora Laís Bodansky Chega de Saudade; ator de peças, como: Ricardo III, direção de Jô Soares e A Festa de Abigaiú , direção Mauro Baptista Vedia. E roteirista premiado Festival de Gramado de 2007, prêmio de melhor roteiro de longa-metragem para o filme Olho de Boi com direção de Hermano Penna).

Nenhum comentário: