segunda-feira, 2 de março de 2009

O U2 em show no topo de um edifício, em Londres


Quando eu disse ao taxista que me levou do aeroporto ao hotel que tinha vindo a Londres por causa do U2, ele logo perguntou: "Por quê? Bono está lançando mais uma campanha para salvar o mundo?". Se a primeira coisa que vem à cabeça de uma pessoa comum quando se fala da maior banda de rock do planeta NÃO é algo relacionado à música, é porque alguma coisa vai mal. O 12º álbum de estúdio do conjunto irlandês, "No Line on the Horizon", lançado no Reino Unido na última sexta e que chega ao Brasil nesta semana (já tendo comercializadas 60 mil cópias em pré-venda), parece ser uma tentativa do grupo de amenizar a desgastada e folclórica imagem do "Bono político", ativista de causas nobres do Terceiro Mundo. Agora, ele reaparece com o look de roqueiro futurista, parecido com o que apresentou em "Achtung Baby" (1991). Também demonstra ter se dado conta de que, se não retraísse esse impulso, o U2 começaria a perder importância e influência artística. Em entrevistas recentes, os companheiros mostraram insatisfação com as incessantes campanhas do vocalista. O baterista Larry Mullen Jr. disse que ele tinha ido longe demais ao se aproximar do ex-premiê Tony Blair. Enquanto o guitarrista The Edge vem falando em seu ouvido que Bono tinha de se lembrar de que é, antes de tudo, um artista. "A Guerra do Iraque estava avançando, mas nós estávamos preocupados com nossas famílias e com nossa música", disse o cantor, sobre o processo de gravação do álbum, ao pequeno público formado por ouvintes da rádio BBC1 e jornalistas que assistiram pela primeira vez ao vivo à execução de algumas faixas do novo trabalho, no auditório da emissora, em Londres. O cantor, ainda, reforçou a importância do "amor" no CD, dedicando canções a uma grávida sentada diante ele. No repertório, estava "Get on Your Boots", com sinais da nova fase na letra ("Não quero falar de guerra entre nações"). "Magnificent" e "Breathe" evidenciam a potência da guitarra de Edge, que hoje precisa de um imenso aparato de apoio que assusta à pequena distância, e cuja função é fazer com que soe de modo vigoroso com sua célebre marca estilística. A apresentadora da emissora, Jo Whiley, perguntou sobre a próxima turnê. Bono disse que no meio do ano devem colocar o pé na estrada, mas não adiantou datas ou locais. Apenas afirmou que estão preocupados com o efeito da crise mundial. Conhecido pelos concertos grandiosos, voltados para públicos de estádio, o U2 coloca-se um novo desafio. 

NO LINE ON THE HORIZON 
Artista: U2 
Lançamento: Universal 
Quanto: R$ 35, em média.

Folha de S. Paulo - Por Sylvia Colombo 

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