segunda-feira, 7 de julho de 2008

Há exatos 18 anos a música perdia o poeta do rock Cazuza

RIO - Nesta segunda-feira completam-se exatos 18 anos da morte do poeta do rock Agenor de Miranda Araújo Neto, o Cazuza. O cantor morreu às 8h30 do dia 7 de julho de 1990, após uma noite tranquila. A causa registrada no atestado de óbito foi 'choque séptico, conseqüência de uma agranulocitose, decorrente da Aids'. O JB Online reproduz o emocionado texto que o jornalista Tárik de Souza publicou na edição do dia 8 de julho de 1990 no Jornal do Brasil:

Com o fio da lãmina bem afiada

O exagerado Cazuza, com suas rasantes na poética da paixão dilacerada, rompeu as farpas da fronteira rock/MPB. Em letras de corrosão lupicinica, este Agenor, quase xará de Cartola, sorveu música ao mesmo tempo em que dissipava a vida em noites que nunca tinham fim (Por que a gente é assim?) lá pelos Baixos da vida. Bem Nelson Cavaquinho da geração rocker. Sempre auto-irônico, realizou a profecia de 'ganhar pra ser carente profissional'. Alguém capaz de explicitar seduções íntimas: 'Há dias planejo impressionar você, mas fiquei sem assunto. Vem comigo, no caminho eu explico'. Um Morrissey de pele dourada pela tropicalidade, à cata de 'um pouquinho de proteção ao maior abandonado, seu corpo com amor ou não, raspas e restos, mentiras sinceras me interessam'. A devastação afetiva, a relação narcísica especular pós moderna, não poderia ter gerado polaróide mais holográfica. 'Se todo alguém que ama, ama pra ser correpondido, se todo alguém que eu amo é como amar a lua inacessível, é que eu não amo ninguém'. Sem arrego, touché monsieur Lacan.

Jornal do Brasil - Tárik de Souza

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